Doença de Alzheimer

Alzheimer, Doença de Alzheimer ou Mal de Alzheimer é uma doença degenerativa que apresenta como sintoma mais marcante a perda da memória. Afeta, principalmente, pessoas com idade acima dos 65 anos, mas pode ocorrer antes dessa faixa etária, sendo então denominada "Doença de Alzheimer de início precoce”.

por Dra Fátima de Pádua Safatle Neves

O que é Doença de Alzheimer?

Alzheimer, Doença de Alzheimer ou Mal de Alzheimer é uma doença degenerativa que apresenta como sintoma mais marcante a perda da memória. Afeta, principalmente, pessoas com idade acima dos 65 anos, mas pode ocorrer antes dessa faixa etária,  sendo então denominada "Doença de Alzheimer de início precoce”.

Os dados neuropatológicos mais relevantes em pacientes de DA são a presença de atrofia cerebral, perda de neurônios e redução da comunicação entre eles (sinapses), presença de placas senis extracelulares compostas de agregados filamentosos da proteína β-amilóide (Aβ) e massas neurofibrilares intracelulares, formadas principalmente por uma proteína denominada "proteína tau”. Apesar de ser possível a presença destas alterações no cérebro de idosos sadios, os sintomas não são observados conjuntamente e nem com a mesma intensidade do que em pacientes acometidos pela Doença de Alzheimer.

Quais os fatores de risco para o Alzheimer?

  • Idade superior a 65 anos;
  • Histórico familiar da doença;
  • Fatores genéticos (nestes casos, a doença se apresenta de forma precoce);
  • Diabetes;
  • Hipertensão Arterial;
  • Sedentarismo;
  • Inatividade intelectual;
  • Baixa escolaridade;
  • Tabagismo;
  • Depressão.

Quais são os sintomas iniciais do Alzheimer?

  • Perda de memória recente;
  • Dificuldade para aprender novas atividades;
  • Desorientação em tempo (datas) e espaço (local);
  • Dificuldade para encontrar as palavras;
  • Falta de iniciativa/ desmotivação;
  • Discurso repetitivo, contando várias vezes a mesma história;
  • Dificuldade para realizar tarefas domésticas;
  • Transtorno de humor e/ou de sono.

Geralmente quem identifica os sintomas são os familiares, fique atento ao comportamento dos seus pais, avós ou familiares mais próximos. Em caso de dúvida, consulte um neurologista.

Como é feito o diagnóstico do Alzheimer?

O diagnóstico do Alzheimer é feito principalmente por meio da análise dos sintomas apresentados pelo indivíduo (avaliação médica) e exames complementares. Podem ser solicitados exames de sangue, tomografias e ressonância magnética do crânio. Apesar de não existir uma forma de diagnóstico específica para identificar o problema, a realização de alguns exames auxilia na exclusão de outras doenças que possam provocar os mesmos sintomas.

O Alzheimer tem cura?

O Alzheimer é uma doença degenerativa e progressiva que não tem cura. Entretanto, o tratamento pode retardar a progressão da doença e garantir uma melhor qualidade de vida ao paciente.

Existe tratamento para Alzheimer? Como posso ajudar meu familiar após o diagnóstico?

O tratamento inclui tanto o uso de medicamentos específicos quanto medidas não farmacológicas (exercícios físicos e atividades que potencializem as habilidades cognitivas do indivíduo). A socialização é muito importante para melhorar o relacionamento do paciente com Alzheimer e outras pessoas. Deve ser incentivada ativamente pelos familiares, já que o paciente passa a ter desinteresse nessas atividades.

Entre as alternativas medicamentosas, temos aquelas que atuam diretamente na patogênese da doença:

  • Inibidores da acetilcolinesterase, como Donepezila, Rivastigmina e Galantamina;
  • Memantina.

E temos também os medicamentos que atuam minimizando os sintomas comportamentais (reduzem a agressividade, alterações de humor, apetite e sono):

  • Antipsicóticos, como por exemplo Risperidona, Quetiapina;
  • Ansiolíticos ou antidepressivos.

Tem sido também crescente o uso de Canabidiol para controle dos sintomas da Doença de Alzheimer, porém ainda são necessários estudos a respeito da segurança, eficácia e posologia.

Identificando qualquer sintoma deve-se sempre procurar um neurologista de sua confiança para instituir o tratamento precoce. É importantíssima a abordagem multidisciplinar, como fisioterapia, fonoaudiologia, avaliação/ acompanhamento nutricional e estímulo à prática de atividades físicas e lúdicas.

Tenho um familiar com a Doença de Alzheimer. Devo me preocupar?

Há um componente genético envolvido, geralmente nos casos de diagnóstico mais precoce (< 65 anos), porém a maior parte dos casos são esporádicos. Tanto no caso de haver algum familiar acometido, quanto para a população geral, há algumas medidas de prevenção (vide abaixo).

Como prevenir o Alzheimer

  • Prática de exercícios físicos regulares;
  • Alimentação balanceada rica em antioxidantes;
  • Atividades intelectuais (leitura, exercícios mentais);
  • Convívio social saudável e frequente;
  • Evitar tabagismo ou de uso de álcool em excesso.

Um quadro de esquecimento progressivo é sempre Alzheimer?

Não, existem diversas doenças que podem se manifestar de forma semelhante à Doença de Alzheimer como Demência Vascular, Demência Frontotemporal, Hidrocefalia de Pressão Normal, Demência com corpúsculos de Lewy, Afasia Progressiva Primária entre outras. Somente o neurologista é capaz de realizar o correto diagnóstico.

Remédios para dormir aumentam o risco de Alzheimer?

Houveram estudos sugerindo essa associação (como sendo um fator de risco para Alzheimer o fato da pessoa ter ingerido medicamentos conhecidos como "tarja preta” - benzodiazepínicos - por mais de 3 meses), também tentou-se estabelecer esta relação com antipsicóticos ou antidepressivos, porém, há vários vieses nestes estudos, já que estes medicamentos tratam alterações de sono e de humor que podem inclusive ocorrer em fases iniciais de doença de Alzheimer e portanto não podem ser considerados como "causa”.

Além disso, o próprio quadro depressivo em si pode ser responsável por colocar o indivíduo mais sob risco de desenvolver Alzheimer devido ao isolamento social que a depressão ocasiona.

É complexo estabelecer uma relação causal mas, de qualquer forma, o ideal é evitar o abuso de tais medicamentos exceto quando há uma indicação médica para seu uso.

Quais são os estágios do Alzheimer (fases da Doença de Alzheimer)?

Estágio 1 – Sem sintomas

A pessoa já tem as alterações químicas e patológicas da doença (acúmulo de amilóide nas células do cérebro), mas não apresenta nenhum problema de memória. Esta fase pode ocorrer mais de 10 anos antes do surgimento dos primeiros sintomas.

Estágio 2 – Sintomas muito leves de alteração de memória (podem ser confundidos com declínio cognitivo da própria idade).

O indivíduo percebe alguns lapsos de memória, alguns esquecimentos pontuais (telefones, nomes de pessoas, onde guardou objetos), que ficam mais frequentes do que anteriormente, mas não são percebidos em exames clínicos de rotina (testes neuropsicológicos) nem pelos amigos e familiares. Importante ressaltar que estes sintomas são muito comuns em indivíduos que nunca irão desenvolver Doença de Alzheimer então não devem ser utilizados como parâmetro diagnóstico.

Estágio 3 – Declínio cognitivo leve (o diagnóstico de Doença de Alzheimer em estágio precoce pode ser feito em alguns pacientes nesta fase).

Nesta fase os familiares, colegas do trabalho e amigos começam a perceber as falhas da memória e maiores dificuldades, sintomas que geralmente são detectados em testes de memória e concentração, feitos pelo neurologista no consultório. Outros sintomas comuns desta fase:

  • Problemas em lembrar nomes de pessoas conhecidas recentemente;
  • Problemas na realização de tarefas mais complexas, em casa ou no trabalho;
  • Repetição de perguntas, ou de histórias contadas recentemente;
  • Perda de objetos de maior valor, esquecendo-se completamente os lugares onde guardou;
  • Maiores problemas no planejamento financeiro e organização em casa.

Neste momento, torna-se comum o paciente não perceber ou negar seus sintomas justamente por perda de crítica; tende a dizer que outros pegaram seus objetos ao invés de perceber que perdeu; achar que os familiares possam estar subtraindo algum bem pessoal etc.

Estágio 4 – Declínio cognitivo moderado (Doença de Alzheimer leve-moderada)

Os sintomas tornam-se mais claros em uma avaliação neurológica:

  • Esquecimento de eventos recentemente vividos;
  • Capacidade reduzida em resolver questões aritméticas básicas (contas de somar ou subtrair) – um exemplo é subtração de 7 de 100 em série de cinco vezes (teste comumente feito em consultório para triagem);
  • Maior dificuldade de realizar atividades mais complexas, como planejar um jantar ou recepção para convidados em casa, pagamento de contas e lembrar-se de vencimentos de pagamentos, manejo das finanças pessoais;
  • Esquecimento sobre histórias pessoais de outras pessoas próximas, conhecidas pelo próprio paciente;
  • Comportamento quieto ou apático, especialmente em situações sociais apropriadas, onde deveria estar mais entrosado.

Estágio 5 – Declínio cognitivo moderado-severo (Doença de Alzheimer moderada)

Lapsos de memória e pensamento são nítidos. A necessidade de ajuda com atividades diárias começa a ser imprescindível:

  • Os pacientes não conseguem lembrar seu próprio endereço ou número de telefone;
  • Tornam-se desorientados em relação ao tempo, sem saber qual a data de hoje, dia da semana, ou até mesmo o ano;
  • Dificuldade para escolher roupas adequadas para o clima ou situação social;
  • Conseguem lembrar de fatos muito antigos, de sua infância e juventude;
  • Começam a necessitar de auxílio em atividades básicas diárias, como higiene pessoal ou comer.

Estágio 6 – Declínio cognitivo severo (Doença de Alzheimer severa).

Neste momento o paciente necessita de supervisão constante, para que não coloque sua vida em risco.

  • Perda da capacidade de perceber situações ao seu redor;
  • Lembram-se do próprio nome, mas começam a esquecer sobre sua própria história pessoal de vida;
  • Passam a esquecer o nome até dos familiares mais próximos (filhos, netos);
  • Precisam de ajuda para atividades básicas, como vestir-se ou fazer a higiene pessoal;
  • Problemas de sono, comportamento, troca do sono e vigília, e períodos com maior confusão mental durante o dia, começam a aparecer;
  • Alterações esfincterianas com escapes de urina e/ou fezes podem ocorrer;
  • Problemas de comportamento maiores, como delirium, ou até mesmo agitação, agressividade, impulsividade, pensamentos persecutórios;
  • Lentificação motora, e problemas com mobilidade, começam a surgir em virtude da rigidez dos movimentos nesta fase.

Estágio 7 – Demência por Doença de Alzheimer – fase avançada-tardia.

  • Precisam de ajuda para todas as suas atividades de vida diárias, como comer, banho, higiene pessoal, vestir-se;
  • Devido ao comprometimento motor, nesta fase geralmente estão acamados ou bem comprometidos em relação à mobilidade;
  • A deglutição torna-se um desafio constante, muitos dos pacientes necessitam de sondas ou gastrostomia para se alimentarem e não terem aspiração de comida para os pulmões.

Qual a expectativa de vida de uma pessoa com Doença de Alzheimer?

Costuma-se inferir que seja em média de 6-12 anos após o diagnóstico (estágio 4). Porém, depende muito da forma com que este paciente é cuidado, das orientações a seus familiares, atenção multidisciplinar (fisioterapia, fonoaudiologia, avaliação nutricional), uso de medicamentos e comorbidades. O óbito em geral se dá devido a consequência da dificuldade de deambulação (fraturas, trombose, úlceras de pressão) ou de deglutição (pneumonia aspirativa, desidratação, desnutrição).

Esperamos que este conteúdo tenha esclarecido as principais dúvidas sobre a Doença de Alzheimer. Qualquer suspeita procure um neurologista de sua confiança para que ele possa avaliar o caso e indicar o tratamento.

Qualquer dúvida entre em contato conosco.