TDAH

TDAH (transtorno do déficit de atenção com hiperatividade) é um distúrbio neurobiológico crônico que se caracteriza por desatenção, hiperatividade e impulsividade. Esses sinais devem obrigatoriamente manifestar-se na infância, mas podem perdurar por toda a vida, se não forem devidamente reconhecidos e tratados.

por Dr. Rafael Scarpa da Costa Neves

O que é TDAH?

TDAH (transtorno do déficit de atenção com hiperatividade) é um distúrbio neurobiológico crônico que se caracteriza por desatenção, hiperatividade e impulsividade. Esses sinais devem obrigatoriamente manifestar-se na infância, mas podem perdurar por toda a vida, se não forem devidamente reconhecidos e tratados.

O distúrbio afeta de 3% a 5% das crianças em idade escolar e sua prevalência é maior entre os meninos. A dificuldade para manter o foco nas atividades propostas e a agitação motora que caracterizam a síndrome podem prejudicar o aproveitamento escolar e ser responsável por rótulos depreciativos que não correspondem ao potencial psicopedagógico dessas crianças.

Quais são as causas do TDAH?

As causas do TDAH são variadas e parecem resultar de uma combinação entre fatores biológicos, ambientais, sociais e genéticos. De acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção, estudos já relacionaram o TDAH com causas hereditárias, substâncias ingeridas na gravidez, sofrimento fetal, exposição ao chumbo, entre outros fatores.

Os sintomas de TDAH

As manifestações da doença são variadas, e as classificações mais atuais definem três tipos principais de TDAH: desatento; hiperativo/impulsivo e misto. Os principais sintomas presentes em cada um desses tipos são:

Tipo Desatento:

  • Dificuldade em manter a atenção em uma única atividade;
  • Dificuldade em seguir instruções minuciosas ou persistir numa única atividade até o final;
  • Dificuldade em ouvir quando lhe dirigem a palavra diretamente;
  • Pouca atenção a detalhes;
  • Dificuldade em se organizar e administrar o tempo;
  • Não realizar atividades que exigem esforço mental prolongado;
  • Facilidade em perder objetos – mesmo os de grande valor;
  • Facilidade em se distrair;
  • Esquecimentos constantes (das atividades que realiza com frequência ou das palavras no meio de frases, por exemplo).

Tipo Hiperativo/ impulsivo:

  • Agitação constante com possíveis movimentos constantes (batendo o pé, batucando objetos etc.);
  • Dificuldade de permanecer longos períodos sentado;
  • Dificuldade em realizar atividades mais calmas, mesmo que de lazer;
  • Dificuldade em aguardar a sua vez em atividades em grupo;
  • Falar em excesso;
  • Interromper as pessoas com frequência;
  • Agir de forma invasiva e impulsiva.

Tipo Misto

  • Apresenta sintomas de desatenção e hiperatividade simultaneamente.

Outros sintomas associados podem incluir: Baixa tolerância a frustrações; temperamento explosivo; dificuldade em se expressar; desejo de fazer tudo ao mesmo tempo; mudar constantemente de planos; tendência a compulsões e excessos.

Qual o tratamento adequado para TDAH?

O tratamento do TDAH deve ser multimodal, ou seja, uma combinação de medicamentos, orientação aos pais e professores, além de técnicas específicas que são ensinadas ao portador. A medicação, na maioria dos casos, faz parte do tratamento.

O tratamento com fonoaudiólogo está recomendado em casos específicos onde existem, simultaneamente, Transtorno de Leitura (Dislexia) ou Transtorno da Expressão Escrita (Disortografia). O TDAH não é um problema de aprendizado, como a Dislexia e a Disortografia, mas as dificuldades em manter a atenção, a desorganização e a inquietude atrapalham bastante o rendimento dos estudos.

Acompanhamento psicológico (terapia cognitivo-comportamental) e/ou com psicopedagogo é necessário, assim como avaliação de um fisioterapeuta em caso de comorbidades motoras.

Além disso deve ser estimulada a prática de atividade física a qual comprovadamente reduz a gravidade dos sintomas e melhora o funcionamento cognitivo dos portadores de TDAH.

Existem medicamentos para TDAH?

Os medicamentos mais comumente utilizados são os psicoestimulantes, como por exemplo, metilfenidato (Ritalina e Concerta) e lisdexanfetamina (Venvanse), que devem ser receitados por médicos especialistas e de forma controlada. Esse controle é necessário, pois são medicações com potencial para abuso e dependência.

Há outras opções terapêuticas quando estas medicações são ineficazes ou quando há alguma comorbidade. Em geral, os efeitos benéficos da medicação aparecem em poucas semanas e as reações adversas – insônia, falta de apetite, dores abdominais e cefaléia – são leves e ocorrem no início do tratamento, enquanto o organismo não desenvolveu ainda tolerância ao medicamento.

TDAH tem cura?

Como se trata de uma condição orgânica e crônica, o TDAH não possui cura ou formas de prevenção total. Entretanto, é possível minimizar os fatores de risco, assim como os sintomas – desde que devidamente identificado e tratado, no contexto individual, familiar, escolar e multidisciplinar.

Esperamos que este conteúdo tenha esclarecido as principais dúvidas sobre o TDAH.

Qualquer dúvida entre em contato conosco.

Reforçamos que características isoladas não possibilitam diagnóstico, portanto em caso de suspeita, procure um neurologista de sua confiança para que ele possa avaliar o caso e indicar o tratamento se este for necessário. Principalmente se tratando de crianças/ adolescentes, um diagnóstico incorreto pode levar a consequências psicológicas extremamente relevantes, por isso sempre reforçamos a necessidade de buscar um profissional qualificado para este diagnóstico.